23º Domingo do Tempo Comum A
A vida cristã deve ser reflexo constante da vida de Cristo, apesar da consciência da diferença existente entre Jesus Cristo e cada cristão. O ideal de perfeição, apesar de ser inalcansável, não deve sair do horizonte da vida do ser humano em momento algum. Desta forma, o diálogo e o caminho com o irmão são fundamentais para se alcançar um ideal de perfeição que alimente coerentemente a vida de cada um.
1 - O ser humano não pode cair num individualismo que o leva ao fechamento perante o irmão, já que por muito santo que se seja não se pode viver fora da sociedade ou do mundo e as preocupações do mundo devem ser as preocupações dos cristãos. O grande dever do cristão é o amor, algo que vai para além da poesia e entra na dura realidade da vida e do convívio com o outro.
2 - A caridade é o pleno cumprimento da lei. Esta é uma expressão que encontramos presente em todas as leituras deste dia, algo que seria fácil de explicar mas muito difícil de ser vivido e assumido por todos, senão tudo seria muito diferente. Sem caridade, isto é, sem se pensar no bem do outro, num desejo de melhorar a sua vida e, desta forma, transformar o mundo, não se tem o coração verdadeiramente em Cristo e não se vive em plenitude o que Ele deseja para os seus discípulos.
3 - O cristão assumirá a compaixão e alteridade como elementos fundamentais do seu caminho se tentar lançar um olhar verdadeiro sobre Jesus Cristo e, por isso mesmo, Cristo oferece a realidade da correção fraterna como algo fundamental na construção da comunidade. A responsabilidade interpessoal, isto é, o outro é importante para mim e a sua perda provoca uma vazia na minha existência, é fundamental porque cada um é responsável por aqueles que o Senhor coloca na sua vida. Deste modo, não se pode fazer caminho de fé sem uma exortação, animação e orientação do irmão no caminho da fé, para que se faça caminho em conjunto.
4 - A correção fraterna assume-se como a caridade por excelência porque deverá ser a base de tudo, na construção do verdadeiro Reino de Deus. O que Cristo deseja, e por isso é de tão difícil execução, é que se construa um mundo sem uma “paz podre”, sem receio do outro e na verdade da existência. A normalidade nas relações deveria ser o amor, numa luta contra a lógica do mundo. Portanto, Cristo deseja que os seus discípulos vivam num claro desejo de reconciliação e de reconquista do irmão através de palavras cuidadas, que sejam de cura e não de tortura, que sirvam para ajudar e não para condenar ou julgar… E tantas vezes se exerce o caminho exatamente oposto.