terça-feira, 31 de março de 2020

Proposta para viver a Semana Santa e a Páscoa em família


Vivemos um tempo de momentos muito complicados em que falta aquilo que é mais importante, os afetos e a proximidade. Tão banais que eram os afetos que os fomos desvalorizando. O mesmo acontece com as riquezas da nossa fé. Tão normal que era a vivência da Semana Santa que fomos perdendo o seu valor e só agora, na ausência da vivência presencial, nos damos conta de como este tesouro pode trazer algo de positivo à nossa vida. 
Deste modo, para que a Semana Santa e o Tríduo Pascal não nos passem ao lado seria bom vivermos algumas dinâmicas em casa e em família. Irão ser propostas celebrações familiares para cada um dos dias. Além disso, como não haverá a tradicional Visita Pascal será bom termos como referência alguns sinais exteriores… Assim o Sr Bispo propõe o seguinte: "Durante este período, sugere-se que, num lugar visível do exterior de cada casa, haja uma cruz, ornamentada segundo a criatividade de cada família cristã."

Portanto em família e em cada casa poderemos colocar um Cruz na Porta ou em algum lugar visível marcando este tempo pascal com a seguinte dinâmica:

Domingo de Ramos - A Cruz é ornamentada com ramos verdes (sendo despida no fim do Domingo)
Quinta-Feira Santa - A Cruz é ornamentada com um pano branco
Sexta-Feira Santa - A Cruz é decorada com um pano vermelho e/ou coroa de espinhos 
Sábado Santo - O pano vermelho e/ou coroa de espinho é substituído por um pano roxo. 
Domingo de Páscoa - A Cruz é ornamentada com um pano branco e flores brancas. Esta ornamentação deve ser feita até ao meio-dia, momento em que os sinais devem ser tocados em sinal de alegria Pascal e se reze um Pai Nosso em louvor do Senhor Ressuscitado diante da Cruz. Em cada casa, mas unidos aos vizinhos, à mesma hora proclamamos e rezamos a alegria de Cristo Ressuscitado.  

A caminho da Páscoa... (31/03/2020)

(Num 21, 4-9; Jo 8, 21-30)
Estamos na última semana quaresmal antes de entrarmos na semana da Paixão. Deste modo, convida-nos a liturgia a começarmos a exercitar a nossa vida para este elevar o olhar para a Cruz. Continuamente somos convidados a colocar os nossos olhos na Cruz. Esta elevação é o contrário daquilo que costumamos fazer, porque andamos cabisbaixos, com o olhar dirigido para baixo, não para a terra ou para o caminho mas para o nosso umbigo, tal como o hebreus que andam a olhar para o seu umbigo e se esquecem das maravilhas de Deus (cf. 1ª Leitura). 
Para descobrirmos a divindade de Cristo temos de contemplar a Sua profunda humanidade, o momento mais extremo da Sua fragilidade como Pessoa Humana quando no alto da Cruz sofre e se entrega no braços do Pai, manifestando um profundo olhar misericordioso por cada ser humano. Apenas nos damos conta da grandeza e da beleza da Páscoa se assumirmos a nossa humanidade, as nossas fragilidades e as nossas quedas, se nos dermos conta de quem sem Cristo podemos ter um vida bela, contudo não passa de pó… 
Colocando o nosso olhar no alto da Cruz, contemplando o que foi trespassado percebemos que o cristianismo não é uma série de prescrições que cumprimos ou não cumprimos, mas uma vida transformada por Cristo, sentindo que no meio das nossas debilidades Ele está connosco. Por isso mesmo, em cada dia deveríamos pensar não tanto no que devo fazer mas sim como vou viver cada momento, cada dificuldade, cada vitória. Aí nos percebemos de que Cristo está connosco e basta-nos erguer o olhar para a Sua Cruz. 

Para rezar individualmente ou em família: 
Senhor, peço-Te que me ajudes a saber viver com os olhos no Céu. Que eu saiba alargar o meu olhar ao teu horizonte. Ensina-me a capacidade de ter gestos de amor para com os que me rodeiam. Gestos que falam de Ti! Gestos concretos, qui e hoje. Gestos que falam do teu amor por cada um de nós. E perdoa-me por todas as vezes em que me contento em ser menos do que aquilo que Tu desejas de mim.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Normas Diocesanas para a Semana Santa e Páscoa




SEMANA SANTA E PÁSCOA 2020



Viver a Semana Santa em prevenção, contenção e comunhão orante no Espírito de Cristo Ressuscitado, para, com Maria Saúde dos Enfermos, encontrarmos n’Ele a alegria de viver.



Perante os tempos difíceis que vivemos devido à epidemia do COVID-19, em conformidade com o DECRETO da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, de 25 de março, e os comunicados da Conferência Episcopal Portuguesa, de 13 de março e de 20 de março, relativamente às celebrações da Semana Santa e Tríduo Pascal, para a Diocese de Viseu, depois de uma reflexão sinodal, fica determinado o seguinte:

1.     Manter a suspensão da celebração comunitária da Eucaristia até ser superada a atual situação de emergência.

Os presbíteros celebrem de modo que os fiéis das suas comunidades saibam que estão unidos a eles, não física, mas espiritualmente, informando que podem acompanhar as celebrações transmitidas desde a Catedral de Viseu (www.diocesedeviseu.pt), nas horas abaixo indicadas ou, na impossibilidade de acesso à internet, acompanhando outras transmissões radiofónicas ou televisivas.

2.     Além das celebrações previstas para a Igreja Catedral, presididas pelo Bispo e transmitidas em direto, também nas igrejas paroquiais os párocos celebrem os mistérios litúrgicos do Tríduo Pascal, procurando encontrar forma de dar conhecimento aos fiéis da hora de início, para que estes possam estar unidos espiritualmente em oração familiar a partir das respetivas casas. Quanto à transmissão das celebrações do Domingo de Ramos e do Tríduo Pascal, sugere-se que se privilegie a celebração transmitida a partir da Catedral. Os presbíteros celebrarão em união com o seu bispo (na mesma ou noutra hora mais conveniente), eventualmente assistidos por um ou dois fiéis.Durante este período, sugere-se que, num lugar visível do exterior de cada casa, haja uma cruz, ornamentada segundo a criatividade de cada família cristã.

3.     Domingo de Ramos. A Comemoração da entrada solene do Senhor em Jerusalém deve celebrar-se dentro do edifício sagrado omitindo-se a bênção dos ramos e adotando-se a terceira forma prevista pelo Missal Romano. Na Catedral, adota-se a segunda forma, de acordo com o já referido Decreto.

4.     Missa crismal. Dada a situação grave e de emergência do país, esta é adiada sine die.

5.     Quinta-Feira Santa. O pároco pode celebrar numa igreja paroquial, sem povo, a Missa da Ceia do Senhor. Omite-se o gesto do lava-pés, e, no final da celebração, omite-se também a procissão com o Santíssimo Sacramento, que é guardado no Sacrário.

6.     Sexta-Feira Santa. Celebre-se a Paixão do Senhor, tendo em conta as contingências sociais. Na Oração Universal, faça-se menção dos doentes, dos que estão em sofrimento, dos defuntos e dos doridos por alguma perda. O ato de adoração à Cruz com o beijo seja limitado apenas ao celebrante.

7.     Vigília Pascal. A Vigília Pascal seja celebrada pelo pároco, sem povo, numa igreja paroquial, de acordo com as possibilidades. No início da Vigília, omita-se o acender do fogo e acenda-se apenas o Círio pascal. Omitindo a procissão, recite-se ou cante-se imediatamente o Precónio pascal.

Segue-se a Liturgia da Palavra; lembramos que a Leitura III (Ex 14,15-15,1) é obrigatória, assim como a Epístola e o Evangelho. Sugere-se, para o Antigo Testamento, além de Ex 14, a Leitura I (forma breve, Gn 1,1.26-31a) e a Leitura VII (Ez 36,16-17a.18-28).

Na Liturgia Batismal, apenas se renovam as promessas batismais. Segue-se a Liturgia Eucarística.

Aqueles que não possam, de modo nenhum, unir-se à Vigília Pascal, devem rezar o Ofício de Leituras indicado para o Domingo de Páscoa.

8.     Na manhã do Domingo de Páscoa, os párocos podem celebrar a Eucaristia, sem povo, numa das igrejas paroquiais. Às 12 horas, em uníssono, como sinal de comunhão eclesial, sugere-se que, em todas as igrejas e lugares de culto habitual da diocese, se toquem os sinos em tom festivo (repique) e se reze o Pai-nosso em louvor de Cristo Ressuscitado.

9.     Em relação à Visita Pascal, ela será feita espiritualmente. Sugere-se que a família se reúna em volta de uma Cruz, se possível enfeitada, e uma vela acesa, como símbolo da Luz que é Cristo Ressuscitado, Aquele que pode dissipar as densas trevas que se abateram sobre a humanidade. Todos na mesma barca, embora em lugares diferentes, sentir-nos-emos verdadeira Igreja Pascal.

10. Na nossa Catedral, durante a Semana Santa, estão programadas as seguintes celebrações, com transmissão on-line:

5 abril, (Domingo de Ramos) às 11H: Celebração de Ramos; 9 de abril (Quinta-Feira Santa) às 18H: Missa da Ceia do Senhor; 10 de abril (Sexta-Feira Santa) às 15H: Celebração da Paixão e Morte do Senhor; 11 de abril (Sábado Santo), dia de silêncio e oração, às 21H: Vigília Pascal; 12 de abril (Domingo de Páscoa) às 11H: Eucaristia Solene da Ressurreição do Senhor.

11. Todos os outros eventos em calendário, previstos no Plano Pastoral, serão ponderados posteriormente, quando tudo voltar à normalidade.

Desejo a todos Santas Festas Pascais, centrando a nossa vida cristã em Cristo Ressuscitado, deixando-nos iluminar pela sua Luz e procurando cada um ser sinal de esperança e solidariedade para o mundo.



Viseu, 30 de março de 2020







+ D. António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

Covid-19 Oração para pedir ajuda, conforto e salvação

A oração ajuda-nos a vivermos a vida com um horizonte de esperança, unidos a Cristo Jesus. Neste tempo de pandemia procuremos rezar todos os dias a seguinte oração:

Deus Pai, Criador do mundo,
omnipotente e misericordioso,
que por nosso amor
enviaste o teu Filho ao mundo
como médico dos corpos e das almas,
olha para os teus filhos
que neste momento difícil
de desorientação e consternação
em muitas regiões da Europa e do mundo
se voltam para Ti
em busca de força, salvação e alívio.

Livra-nos da doença e do medo,
cura os nossos doentes,
conforta os seus familiares,
dá sabedoria aos nossos governantes,
energia e recompensa aos médicos,
enfermeiros e voluntários,
vida eterna aos defuntos.
Não nos abandones
neste momento de provação,
mas livra-nos de todo o mal.

Tudo isto Te pedimos, ó Pai
que, com o Filho e o Espírito Santo,
vives e reinas pelos séculos dos séculos.
Ámen.

Santa Maria,
Mãe da saúde e da esperança,
roga por nós!

[Bispos da Europa – CCEE e COMECE]

A caminho da Páscoa... (30/03/2020)

(Dan 13, 41c-62; Jo 8, 1-11)
A falsa condenação de Susana e a forma irracional com que reage a multidão alertam-nos para a dificuldade que temos em construir uma opinião radicada no Senhor. Em momento algum nos podemos esquecer que a mesma multidão que acolheu Jesus de maneira gloriosa na Sua entrada em Jerusalém será aquela que clamará pela Sua morte por crucificação. Naquele momento de fragilidade e de angústia, Susana, injustamente condenada, apenas se coloca nas mãos de Deus, reconhece a sua fragilidade e a sua falta de forças e coloca-se nas mãos de Deus. 
Nos nossos momentos de tribulação é fácil colocarmo-nos de costas voltadas a Deus, questionando a Sua presença. Uma fé amadurecida é aquela que descobre o grande caminho que tem diante de si, por isso reflete Tolentino Mendonça da seguinte maneira: "talvez tenhamos criado imagens equívocas da vida cristã: um crente não é aquele que está saciado de Deus, o crente é aquele que tem sede e fome de Deus".
Se dermos conta do longo caminho que temos diante de nós caímos do nosso pedestal e damo-nos conta, tal como nos convida Cristo no Evangelho, de que não podemos acusar ninguém, mas ajudar. A comunidade cristã não é uma comunidade de perfeitos, mas uma comunidade que faz caminho ou, na bela imagem que nos deu o Papa Francisco, é um Hospital para pecadores. 
Não podemos olhar para o mal como meros espetadores, mas como pessoas ativas, que querem deixar a sua marca, querem que Cristo esteja presente na sua vida e, através de si, na vida dos irmãos. 

Rezemos individualmente ou em família o Salmo Responsorial deste dia:

R. Ainda que passe por vales tenebrosos, nada temo, porque Vós estais comigo. 

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
Conduz-me às águas refrescantes
E reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas,
por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos
Não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo.

Para mim preparais a mesa
À vista do meus adversários;
Com óleo me perfumais a cabeça
E o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão de acompanhar-me
Todos os dias da minha vida,
E habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.

sábado, 28 de março de 2020

Celebração Familiar - Diocese de Viseu





DOMINGO V DA QUARESMA – ANO A



Celebração Familiar



A Igreja, na sua catequese batismal, depois de ter apresentado nos Domingos anteriores Jesus Cristo como Água Viva e como Luz do Mundo, apresenta-o hoje como Ressurreição e Vida, vencedor da morte. Unidos a Ele pelo batismo, já passamos da morte à Vida, do ponto de vista espiritual. Mas com Ele venceremos também a morte, como Ele a venceu com a Sua Ressurreição: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em Mim, embora venha a morrer, viverá!» A fé n’Ele é garantia de vida para sempre.



Introdução



Pai/Mãe            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos              Ámen!




Pai/Mãe            Nos jornais e outros meios de comunicação, nem tudo são alegres notícias. Há muitas páginas que contam tristezas e desgraças. É a criança que morre vítima de doença grave; é o sismo que abalou a Croácia; são as vítimas imensas provocadas pelo COVID 19.

                        Já no tempo de Jesus as pessoas se inquietavam com este assunto da morte. Mas nós, queremos e vamos celebrar a vida.



Pedimos perdão

Pai/Mãe         Neste início da nossa celebração, vamos reconhecer que somos pecadores, que às vezes estamos mais do lado da morte que da vida.

                        Junto, rezemos o Ato de Contrição:

Todos:                         Meu Deus, porque sois tão bom,

                        Tenho muita pena de vos ter ofendido.

                        Ajudai-me a não tornar a pecar.

                        Fazer um momento de silêncio



Escutamos a Palavra

Pai/Mãe            Vamos todos dar muita atenção ao texto do Evangelho deste Domingo



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 11, 3-7.17.20-27.33b-45)

Naquele tempo, as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente». Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem». Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava. Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia». Ao chegar lá, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro dias. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pusestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor». E Jesus chorou. Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito que este homem não morresse?». Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. Disse Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias».
Disse Jesus: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?». Tiraram então a pedra. Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». Dito isto, bradou com voz forte:
«Lázaro, sai para fora». O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir». Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele.

Palavra da salvação.



Partilhamos a Palavra


Pai/Mãe            Em Betânia, Jesus encontrava hospitalidade e serenidade, o prazer da amizade e da familiaridade. Agora, naquela casa, estão presentes sinais de morte e desilusão. A Marta superativa, permanece estática, num canto, de braços cruzados; em Maria abate-se a tragédia; os olhares e as palavras permanecem vazios. Lázaro tinha-se apagado nos braços amorosos das irmãs, mas distante das mãos vivificantes do Amigo. Quando este chega, vê a dor no coração desfeito de quem ama. Em Betânia, Deus aprende a fragilidade da vida, o sofrimento e o desespero. Ali, o Criador chora a criatura, o Amigo chora o irmão, o Pai chora o filho. Em Betânia, as lágrimas silenciosas e mortificadas de Jesus são choro, oração e revolta contra a morte. Ali, o Amor faz-se lágrima, presença, palavra de vida. E, quando Deus chora, declara todo o seu amor: os amigos não podem morrer para sempre. O choro de Deus é um grito pela vida de quem ama.

Dar a possibilidade a que os membros da família possam partilhar sobre o que para eles significa o texto bíblico e esta breve reflexão.

Preces

Pai/Mãe            Por Jesus Cristo, que é a Vida, oremos a Deus dizendo com confiança:

                        Ouvi-nos, Senhor.



Filho/a             Pelos cristãos de todo o mundo, que sofrem pela impossibilidade de celebrarem a Eucaristia, para que sintam sempre a presença de Jesus nas suas vidas, oremos.

Filho/a             Pelos que choram a perda de familiares e amigos, vítimas do COVID 19, para que recebam a desejada consolação que vem da vitória da vida sobre a morte, oremos.



Filho/a             Pelos que regem os destinos dos povos, para que nestes tempos tão difíceis, estejam atentos aos pequenos e aos pobres, oremos.



Filho/a             Por todos os profissionais da saúde, pelos bombeiros, forças de segurança e quantos cuidam de nós nestes tempos tão difíceis, oremos.



Filho/a             Por toda a nossa família e pelas famílias da nossa paróquia, para que anunciemos 
sempre que Jesus Cristo é para todos a Ressurreição e a Vida, oremos.



Todos              Pai-nosso…



Ação de Graças

Pai/Mãe            Jesus proclama que, quem acredita n’Ele, terá a vida para sempre.

«Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá».

                        Esta é a Boa Notícia de hoje: estar com Jesus é ter a vida para sempre.


Filho/a             V de Vitória: Jesus ao restituir a vida a Lázaro, diz-nos que Ele tem mais força que a morte e é capaz de a derrotar. Nenhuma pessoa tem uma força assim. Mas Jesus, Filho de Deus, sai vitorioso na luta contra a morte.


Filho/a          I de Igreja: Nós, que somos a Igreja, que somos os seguidores de Jesus, que acreditamos n’Ele, nunca mais morreremos. Virá a inevitável morte corporal. Mas imediatamente Jesus arranca-nos às garras da morte e ressuscita-nos.


Filho/a             D de Deus: Deus, depois da morte, abre-nos as portas da sua casa para nos receber em festa e nos dar uma felicidade que não podemos imaginar. Ressuscitados, viveremos para sempre na morada eterna de Deus.


Filho/a             A de Amar: Porquê, mais uma vez, esta palavra? Porque só as pessoas que amam o próximo, passarão da morte para a vida. Para ressuscitar, é preciso ir ressuscitando cada dia com gestos e palavras de amor.



(Esta celebração foi preparada tendo por base, contributos dos Padres Barros de Oliveira, José Esteves e Pedrosa Ferreira)

5º Domingo da Quaresma A (29/03/2020)


5º Domingo da Quaresma A


Com o circunstancialismo vivido neste ano somos chamados a viver o 5º Domingo da Quaresma, tradicionalmente chamado de Domingo de Lázaro. Depois da água e da luz, os cristãos são interpelados pela vida, isto é, tudo em Cristo ganha uma nova vida. O Senhor faz-se conhecer como Senhor da vida. Permanece ao nosso lado, consciente da nossa fragilidade. A fé e o amor ressuscitam, transformam a vida, não nos deixam caminhar na morte. Confiando no amor divino somos chamados a fazer aquela profissão de fé que nos permite reerguer…

1 - No meio de um mundo que vai esquecendo os seus limites somos chamados a perceber o sentido da nossa caminhada, pois somos peregrinos da vida e não da morte. Esta é uma peregrinação com um sentido de esperança, saboreando o amor de Deus por nós. Facilmente podemos experimentar a morte, não a morte física, mas a morte como falta de esperança, falta de futuro e de sonhos… Podemos ter a nossas desilusões, tal como sentem as irmãs de Lázaro, mas não podemos perder a capacidade de sonhar e de olhar com esperança para o futuro.

2 - Cristo convida-nos a ver a vida com outros olhos e, deste modo, a abandonarmos a cultura de morte que tantas vezes nos envolve. Apesar das dificuldades da vida somos chamados a contemplar a Páscoa, descobrindo como Deus faz caminho connosco. Existem muitas formas de morrer, mas nenhuma nos deve destruir desde que nos mantenhamos unidos a Deus, desde que não nos deixemos levar pela morte espiritual.

3 - Contemplar a humanidade de Jesus, o seu sofrimento e compaixão pelos seus amigos. Cristo chora, derrama lágrimas. Como diz o Cardeal Tolentino Mendonça, as lágrimas não são negativas, manifestam uma sede de vida de quem encara a dor e a quer enfrentar, porque não quer ser derrotado por ela. Não podemos ter medo das lágrimas, mas vivê-las com o coração em Deus, para que sejam verdadeiras orações…

4 - A fé na ressurreição alimenta a nossa vida e não nos permite sucumbir à dor ou sermos derrotados pelas lágrimas… Perante a incerteza provocada pela morte deveremos crescer na ousadia da fé, colocando-nos nas mãos de Deus, contemplando este Cristo que derrama as Suas lágrimas por cada um de nós, na expectativa de que nos agarremos a Ele, como os abraços familiares em momentos de dor… O amor de Deus é a nossa força e a nossa vida, é a garantia de que não podemos ser derrotados pela morte, porque o amor vence a morte...

A caminho da Páscoa... (28/03/2020)

Para nos colocarmos diante do Domingo será bom questionarmos o caminho que fazemos e o lugar que Jesus tem na nossa vida. Nada melhor do que pensarmos naquilo que realmente o Pão da Vida nos faz e aquilo que ficamos a perder na Sua ausência. 

"O homem não pode viver sem pão, não pode renunciar ao cuidado material que garante a sua subsistência. Essa é também a sua realidade. O próprio Jesus foi ao encontro dela nos relatos das multiplicações do pão. A fome e as necessidades materiais do homem não lhe são indiferentes. Quando Jesus nos interpela questionando-nos sobre aquilo de que vivemos para lá do pão não é, por isso, para nos fazer fugir da realidade do pão, mas para que o encaremos como lugar que tem de ser investido do Espírito. Ele próprio há de mostrar-nos como se faz, quando pegar no pão e disser: 'comei, este pão que não é só pão, que é o meu corpo, o dom inteiro da minha vida entregue por vós'. Se o nosso pão for mais do que pão, se ele se deixar atravessar pela palavra que sai da boca de Deus, ele alcançará uma potência que o simples pão não tem e poderá tornar-se alimento para muitas fomes. Mas nós vivemos de quê? Qual é verdadeiramente a nossa fome e a nossa sede? Onde é que elas acabam? Aonde nos conduzem?"

José Tolentino Mendonça, Elogio da Sede, Pág. 113-114.

sexta-feira, 27 de março de 2020

A caminho da Páscoa... (27/03/2020)

(Sab. 2, 1a.12-22; Jo 7, 1-2.10.25-30)
O dia de Sexta-feira é sempre um dia para olharmos de maneira especial para a Paixão do Senhor. Esta realidade assume uma maior força quando vivemos o Tempo de Quaresma e estes tempos de profunda dificuldade. Se estamos habituados a ver o Tempo Quaresmal como um tempo de jejuns e abstinências, este ano é um Tempo Quaresmal com jejuns e abstinências mais duros do que se fossem de comida, porque se referem aos nossos afetos e amizades, à nossa vida do dia-a-dia. 
Deste modo, mais do que nunca deveremos assumir como nosso objetivo pessoal aquilo que nos pede o texto da Sabedoria, pois é fundamental que não percamos o horizonte da nossa caminhada, que não nos esqueçamos do longo caminho percorrido e daquele que ainda temos de percorrer. É verdade que em muitos momentos sentimos o silêncio de Deus, que faz com que as vozes do mundo se elevem e perturbem a nossa caminhada, mas também verdade que o silêncio de Deus é, simultaneamente, a nossa fraqueza e a nossa força. 
Daí que o grande desafio de hoje, e de sempre, é conhecermos Jesus. O grande erro dos cristãos é pensarem que são verdadeiros profissionais do conhecimento de Jesus e não se deixam conduzir pelas Sua palavras e, aos poucos, vão perdendo o estímulo para que o seu coração se transforme. Conhecer a Cristo é ganharmos a coragem para vivermos os momentos da nossa vida com Cristo mas também como Cristo, na audácia e na entrega ao Pai. 
Não podemos matar a Cristo, como queriam as autoridades judaicas, mas podemos matar o Seu lugar na nossa vida quando nos esquecemos de quem Ele é e de como pode tocar a nossa vida. 

Rezemos individualmente ou em família… 

Senhor Jesus, dá-me a tua força. luz e dom de saber distinguir p que é bem e mal. Que eu tenha a ousadia para dar testemunho da tua vontade e exemplo junto daqueles que me rodeiam, na família trabalho e amigos, para que cada dia seja vivido na alegria. 
(Evangelho Diário 2020)

quinta-feira, 26 de março de 2020

A caminho da Páscoa... (26/03/2020)

(Ex 32, 7-14; Jo 5, 31-47)
Apesar de todo o circunstancialismo vivido fazemos caminho rumo à Páscoa. A verdade é que continuamos a ser chamados a fazer aquele caminho de conversão que nos permita descobrir como o amor de Deus permanece ao nosso lado e nos transforma. 
Nada melhor do que lermos a passagem do Bezerro de Ouro (cf. Ex 32, 7-14) para nos apercebermos de como a idolatria está tão próxima de nós, porque também nós somos "um povo de cabeça dura". Existem muitas formas de idolatria, podemos não ter os deuses antigos, mas existem novas formas de idolatria e é importante que tenhamos a coragem de reconhecer os nossos limites de modo a darmos lugar a Deus e aos outros. Daí que perante o argumento do povo para a construção do bezerro deveremos questionar simplesmente se aquele acto é fruto da falta de memória de todas a obras realizadas no Egipto ou de um coração que foi ficando endurecido com o passar do tempo. Falta de memória e endurecimento do coração, problemas tão antigos e tão atuais. 
A humildade para reconhecermos os nossos limites é fundamental, sobretudo para percebermos, como nos convida o texto do Evangelho, que existe sempre algo de diferente a fazer. Existe sempre uma palavra, um gesto, uma atitude a melhorar, porque somos seres a caminho e o pior que pode acontecer é pensarmos que não temos nada a mudar. Os judeus estavam cheios de si e privados do amor de Deus, essa mesma atitude é igual à de tantos cristãos quando se esquecem de que aquilo que transforma a sua vida não são os seus projectos ou a sua capacidade mas a presença de Cristo no seu caminho. 

Rezemos em família ou individualmente: 
Neste dia, Senhor, guardo um momento para, em silêncio, olhar a minha vida e tentar identificar, exatamente, quem e o que me faz levantar e seguir caminho. As pessoas que me inspiram a transformar cada momento da minha existência num momento de graça. Os acontecimentos que prendem a minha atenção e me impelem a agir. Saiba eu agradecer tudo o que me é dado. 
(Evangelho Diário 2020)

quarta-feira, 25 de março de 2020

Exéquias Cristãs em tempos de Estado de Emergência

Vivemos tempos complicados em que a comunidade cristã não se pode reunir normalmente para estreitar laços e, como família reunida à volta da fé em Cristo, se ajudar a caminhar mutuamente. Também os funerais deverão mudar para se adequar às novas necessidades e às regras que o Estado de Emergência nos obriga. 
Deste modo, as exéquias cristãs consistirão numa pequena oração com o féretro e a família no cemitério, sendo, igualmente, omitido o tradicional velório. Acima de tudo deveremos acompanhar o defunto e a família com a nossa oração à distância compreendo que o mais importante é cuidarmos uns dos outros… 
Depois de tudo isto passar e voltarmos à nossa vida normal poderemos, de acordo com a vontade de cada família, celebrar uma missa exequial. 

Pe Sérgio de Pinho

4º Domingo da Quaresma A (22/03/2020)


4º Domingo da Quaresma A

Chegados ao 4º Domingo somos convidados a fazer uma meditação acerca da luz, mas não a luz normal da nossa vida. Na nossa vida muitas são as distrações, muitos são os problemas que temos de enfrentar, mas a verdade é que temos de caminhar iluminados por Cristo. Daí que a grande interrogação que o Evangelho do Cego de Nascença nos coloca é mesmo sobre quem é na verdade o cego…



1 - Sem medo de assumirmos as nossas cegueiras e percebermos que Deus nos fala onde e quando menos pensamos. Um Deus que olha ao coração e não ao exterior. A primeira leitura ajuda-nos a ver a nossa cegueira, não uma cegueira física, mas a cegueira de quem olha para o mundo com um olhar meramente humano e não tem em conta a vontade de Deus e o modo como o Senhor transforma a vida daqueles que lhe abrem o seu coração.



2 - Evitar as nossas cegueiras para que não caiamos no exagero quer dos doutores da lei, quer dos próprios pais do cego. Evitar as cegueiras implica um reconhecimento da realidade da nossa vida e um querer transformar a nossa vida através de uma conversão permanente, isto é, do longo caminho de mudança que temos diante de nós. A soberba é um perigo que nos afasta de Deus e dos irmãos e não podemos cair nessa mesma realidade.



3 - Purificar o nosso olhar como um esforço permanente de vivência do Evangelho. Choca a forma como as várias personagens vão olhando para o cego, sem o mínimo de compaixão e de desejo de ajuda para com aquele homem, mas numa atitude de superioridade que impede o acolhimento. Ser cristão não deve mudar apenas o nosso olhar sobre Deus mas também o nosso olhar sobre os irmãos, trabalhando para um olhar compassivo que tenha em conta a fragilidade do outro.


4 - Fugir das trevas… O Baptismo sempre foi visto como uma verdadeira iluminação, isto é, com o caminho do Evangelho encontramos uma luz que nos permite ver esperança onde tudo parece estar perdido, onde a vida se sobrepõe à morte e o amor vence o pecado. Sermos crentes não nos impede de ser pessoas, antes o exige, caminhando para uma verdadeira humanidade. A verdadeira luz de Cristo é a luz que nos recorda que acima de tudo somos filhos de Deus e toda a nossa vida se transforma na companhia do Senhor… Porque em tudo deveremos dizer “Eu creio Senhor”...