quinta-feira, 30 de abril de 2020

Colocar Maria em casa... (01/05/2020)

Ao longo do mês de Maio somos convidados a viver uma atitude diferente na nossa relação com Mãe do Céu. O Papa Francisco convida-nos a termos uma atitude de oração perseverante através do Rosário. Deste modo, procuremos caminhar com Maria para que nos sintamos verdadeiramente filhos. 


Meditemos os mistérios segundo o modelo proposto pelo Youcat… 


Os Mistérios Dolorosos aos quais pertencem cinco estações da Paixão de Cristo,
      … que por nós suou gotas de sangue. (Lc, 22, 24) (Pai Nosso, 10 Avé Marias, Glória)
      … que por nós foi flagelado. (Jo 19, 1) (Pai Nosso, 10 Avé Marias, Glória)
      … que por nós foi coroado com uma coroa de espinhos. (Jo 19, 2) (Pai Nosso, 10 Avé Marias, Glória)
      … que por nós a pesada Cruz carregou. (Jo 19, 17) (Pai Nosso, 10 Avé Marias, Glória)
      … que por nós foi crucificado. (Jo 17, 18) (Pai Nosso, 10 Avé Marias, Glória)


Três Avé Marias em que rezamos pelos trabalhadores 


Meditação Papa Francisco: 

Pode-se trabalhar pensando apenas no lucro, ou procurando dar o melhor de si em benefício de todos. Então, o trabalho, não obstante de todas as dificuldades, torna-se uma contribuição para o bem comum, por vezes até uma missão. E estamos sempre diante desta encruzilhada: por um lado fazer algo pelos nossos interesses, pelo sucesso, para sermos reconhecidos; por outro, seguir a intuição e servir, doar, amar. Com frequência as duas coisas misturam-se, caminham juntas, mas é sempre importante reconhecer qual vem primeiro. 
Discurso à comunidade do Hospital Pediátrico «Bambino Gesù» de Roma, 15 de Dezembro de 2016


Salvé Rainha 

Medidas de desconfinamento...

Celebrações litúrgicas comunitárias a partir do final do mês de Maio...

57ª Semana da Oração pelas Vocações - Celebração Familiar



Oração em Família
RECOMENDAÇÕES PRÉVIAS

· QUEM & QUANDO? Pretende-se que esta oração envolva todos os membros da família. Recomenda-se, por isso, que seja realizada na hora que coincida com a disponibilidade de todos quantos participarão nela.
· ONDE? A vida familiar abarca tempos e espaços diversos onde a vida quotidiana se desenrola em encontros e interação dos membros da família. Daí, sugerimos que a oração se desenrole em distintos lugares da casa (ver indicações abaixo). Tendo isso em conta, prepare-se previamente esses espaços.
· COM O QUÊ? Alguns objetos necessários para a oração: vela, taça de vidro (tipo saladeira) com água até meio, barco de papel (previamente dobrado), pequenas florzinhas do campo (em alternativa: flores recortadas em papel/cartão ou canetas de cor para desenhar), computador com ligação à internet.

1º momento


GRATIDÃO (Jesus junto a nós)
Lugar: Toda a família se reúne no hall de entrada, de pé, em círculo.
O pai tem uma vela acesa nas mãos e a mãe segura uma taça com água.

Saudação inicial
Um membro da família convida os restantes a fazer o sinal da cruz

Introdução

TODOS: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo

Alguém lê o texto de introdução 
Senhor, que alegria acolher-Te em nossa casa e reunirmo-nos à tua volta! Como antigamente com os teus discípulos, não nos deixas sós. Vens ter connosco, à nossa própria situação. Mas também esperas que aprendamos a reconhecer-Te no nosso quotidiano. ConTigo, saberemos acolher os teus desafios e seguir-Te quando nos chamas. Porque somos batizados, somos filhos do Pai que nos ama, irmãos do Filho que nos indica o caminho e companheiros do Espírito Santo que nos une na fé, esperança e caridade.

2º momento
CORAGEM (Jesus chama)
Lugar: Todos se reúnem na sala e sentam-se comodamente. A vela e a taça de água são pousadas em local visível e acessível.

Palavra de Deus
Alguém, de pé, proclama o Evangelho, com boa dicção

Do Evangelho de S. Mateus (14, 22-33)


Depois, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!»

Diálogo - Os presentes partilham impressões colhidas da Palavra: o que me diz; o que me faz sentir; semelhanças com a nossa realidade; que mensagem de esperança colhemos…

Meditação - Outra pessoa lê o texto:

Na Bíblia, o mar e a noite simbolizam muitas vezes o mal e a ausência de Deus. O vento representa as contrariedades aos projetos humanos. Tudo somado, significa que os apóstolos enfrentavam aquilo que não dominavam. Estavam, por isso, em apuros: o cansaço e o medo são óbvios. Ao caminhar sobre as águas, Jesus revela todo o seu poder: Ele é Senhor e, por isso, vence o mal e controla a situação. Pedro é nosso modelo: é possível enfrentar os nossos medos e avançar no meio das tempestades se correspondemos ao chamamento de Deus e fixarmos o olhar em Jesus. Os “ventos contrários” continuam presentes, mas não podemos deixar que eles infundam em nós o medo e a insegurança. A fé não serve para afugentar tempestades; serve para as enfrentar e vencer. 


Gesto - O mais novo da família coloca o barco de papel (previamente dobrado) na taça de água.
Oração - Todos se colocam de pé enquanto alguém lê: 
Senhor, não abandonaste os teus amigos no meio da tormenta. Sentimos e agradecemos a tua proximidade. A tua Palavra dá-nos segurança. Concede-nos coragem para, ConTigo, avançarmos. Tu nos chamas a viver plenamente a confiança dos filhos de Deus. Tens, para nós, sonhos mais altos. Vencendo as nossas batalhas de hoje, saberemos aceitar desafios futuros. Ajuda-nos a viver estes tempos difíceis, a atravessar esta tempestade testemunhando a nossa fé e esperança cristãs. Ámen.

3º momento
TRIBULAÇÃO (Jesus estende a mão)
Lugar: Na cozinha, sentados à volta da mesa de refeições.
A vela e a taça de água com o barco dentro estão em destaque no centro.


Evocação familiar - Cada membro participa de forma clara e breve. Não se demore muito, evite-se os pormenores, basta tornar presente o momento vivido.

Partindo da evocação feita, apresente-se a Deus pedidos ou gradecimentos. Depois, individualmente, leiam as preces propostas:

Preces


Gesto - Em cada intenção, familiar ou proposta, alternadamente, os participantes sopram suavemente no barco.

- Pela Igreja santa e católica e suas comunidades, para que se tornem fonte de graça e de perdão, e os seus ministros dêem testemunho, por palavras e por obras, da santidade a que Deus os chama dia após dia, oremos.

- Pelo nosso pároco, catequistas e por todos os que anunciam o Evangelho, para que o façam com palavras simples e oportunas e, guiados pelo Espírito Santo, promovam iniciativas fundadas nos mandamentos de Deus, oremos.
- Pelos cristãos leigos da nossa Diocese, para que o Senhor lhes ilumine a mente e o coração e, inspirados nos valores do Evangelho, saibam abrir-se ao diálogo fraterno com todas as pessoas que vivem ao seu lado, oremos.
- Por todas as vítimas desta pandemia e por todos os que sofrem e desanimam, para que o Senhor venha em seu auxílio, os alivie nas suas dores, os console e os faça reencontrar a esperança, oremos. Senhor, reconhecemos e agradecemos a tua presença no meio das nossas tribulações. Como a Pedro, estendes-nos a mão. Nós Te pedimos: em vez de simplesmente esperarmos que tudo fique bem ou volte ao normal, ajuda-nos, por meio delas, a aprender a sermos melhores, a termos mais fé e coragem a fim de nos tornamos mais fortes e confiantes para o futuro. Ámen.

Intenções espontâneas e livres da família, lembrando o que acaba de ser partilhado…

4º momento
LOUVOR (Jesus é Filho de Deus)

Lugar: Mediante os espaços existentes, a hora e condições meteorológicas, escolha-se o mais adequado: jardim ou quintal, varanda, sala de estar ou outro. A vela e o barco de papel continuam presentes. Deixe-se a taça com água na cozinha. Prepare-se previamente um computador conectado no(s) link(s) escolhido(s).

Acompanhe-se este cântico através do computador:


Aproveite-se um ou mais cânticos abaixo propostos ou outros conhecidos pela família: - Louvado sejas (apropriado para família com crianças): https://youtu.be/zUfP7SLYxbs
- Graças: https://youtu.be/6A4R26ZQ480 
- Minha Força és Tu: https://www.youtube.com/watch?v=3ZZMNKvqm9E 
- Quero louvar-te, sempre mais e mais: https://youtu.be/Jrxi3p2G244 

Gesto - Durante o cântico, o(s) mais novo(s) da família enfeitam o barco de papel, depositando no seu interior florzinhas campestres ou previamente desenhadas e recortadas em papel, ou desenhando-as nesse momento no próprio barco.
Pai Nosso - Juntos reze-se a oração que Jesus ensinou 

Esta oração termina com o último cântico escolhido pela família
* Letra do cântico de louvor:

Tu me chamas sobre as águas
Onde os meus pés podem falhar
E ali Te encontro no mistério
No mar profundo
Aguento em fé
E pelo Teu nome vou chamar
Para lá das ondas vou olhar
Se a maré subir
No Teu abraço vou ficar
Pois eu sou Teu
E Tu és meu
No mar Tua graça é abundante
As Tuas mãos Vão-me guiar
O medo acampa à minha volta
Contudo Tu não falharás
Guia-me onde a confiança é sem fronteiras
Quero andar sobre as águas
Até onde me chamares
Leva-me para lá do que é o mais profundo
Chegar a uma fé sem fundo
Mergulhar na Tua presença

Alimentamo-nos verdadeiramente de Cristo?

(At 8, 26-40; Jo 6, 44-51)

O Martírio de Estêvão marcou uma nova etapa na vida da Igreja primitiva. Após esse acontecimento, tendo as autoridades judaicas considerado que a perseguição violente seria uma forma de atrapalhar o anúncio do Evangelho, inicia-se movimento de ódio que terá como rosto Saulo. Contudo, ao contrário do que pensavam as autoridades judaicas, a força do Evangelho não diminui, adapta-se ao novos desafios e dificuldades e ganha um novo ímpeto. É no meio desta força renovadora que encontramos o Evangelho a chegar a um estrangeiro, um Etíope. 
Deus fala a todos sem distinção, independentemente do lugar onde se encontram (ex. Etty Hillesum contruiu a sua consciência religiosa no campos de concentração Nazi, onde acabou por falecer). A força do Evangelho torna-se indescritível quando a pessoa de Cristo ilumina a vida com a esperança e o amor. 
Este é o alimento de vida eterna que encontramos em Cristo, na Eucaristia. Caminhar na vida eterna, naquela vida especial de que nos fala Jesus Cristo, não é um olhar sobre um futuro que não sabemos quando irá acontecer, mas sobre o presente, um presente cheio de Deus. Alimentarmo-nos de Cristo é reconhecermos os nossos limites de tal forma que vamos construindo um lugar especial para o Senhor no nosso coração. 

Para rezar individualmente ou em família… 

Senhor Jesus, pão descido do Céu para dar a vida ao mundo, eu Te suplico: dá-me fome do alimento verdadeiro que és Tu. Vem em meu auxílio, a fim de que eu me disponha a escutar a voz do Pai que me convida a ir a Ti, caminho, verdade e vida. Que sacramento da Eucaristia me fortaleça para, como Tu, eu dar a vida pelos meus irmãos. Que eu nunca esqueça que «nem só de pão vive o homem», mas também da Palavra de Deus e da Eucaristia. 
(Evangelho Diário 2020)

quarta-feira, 29 de abril de 2020

57ª Semana de Oração pelas Vocações - Oração


ORAÇÃO
Vem, Senhor Jesus,
verdadeiro Filho de Deus,
bom e belo Pastor,
caminha hoje sobre as águas
que agitam o nosso mundo atribulado.
Abre os nossos ouvidos
e o nosso coração
à Tua voz que acalma, chama e envia.
Dá firmeza ao nosso caminhar,
infunde em nós a Tua coragem,
ensina-nos a reconhecer em cada dificuldade,
em cada momento de dor ou de incerteza,
a Tua presença que dissipa todo o medo.
Sobe para a barca da nossa vida
para seres o dono do leme,
pois seguros navegamos
sempre que estás no meio de nós.
Aceita a nossa gratidão e o nosso louvor,
Senhor Jesus, verdadeiro Filho de Deus,
Bom e belo Pastor. Ámen!

Como me posso tornar pequenino?

(1 Jo 1,5-2,2; Mt 11, 25-30)

O que é que significa sermos pequenos? O que é que significa sermos pequenos e herdeiros do Reino de Deus? 
Santa Catarina de Sena é uma das grande figuras da espiritualidade medieval, uma doutora da Igreja, um título tão nobre e tão pouco encontrado em figuras femininas. Um verdadeiro "monstro" na vida da Igreja, pela sua importância histórica e espiritual. Mas, acima de tudo, uma criança, uma pequenina, que sem Deus se torna pó e um vazio. 
Nada melhor para percebermos que a nossa pequenez não é sinal de fragilidade ou incapacidade, mas metodologia para darmos lugar a Deus na nossa vida. Aí percebemos o que nos diz S. João na sua 1ª Leitura, porque as nossas quedas não são simples sinais de fragilidade, tornam-se oportunidades para nos sentirmos amados e transformados pelo amor de Deus. Somos pecadores e não podemos ter vergonha dessa realidade, pois sermos pequeninos é caminharmos na luz, não na nossa luz e nas nossas motivações, mas na luz de Cristo, na luz de Deus para que o foco da nossa caminhada não seja o nosso umbigo mas a vontade de querermos ser melhor. 
Sermos pequeninos é tornarmo-nos como crianças que se atiram para os braços de seus pais, na certeza de que são amparadas. Cristo convida-nos a descansarmos Nele, a vivermos o Seu jugo de amor. O mundo em que vivemos, tal como no séc. XIV de Santa Catarina de Sena, é um mundo cheio de problemas e pecados, também dentro da vida eclesial, onde se tornam mais dolorosos e escandalizadores. Para os derrotarmos temos de aprender aquela humildade e mansidão, não de Catarina de Sena, porque a viveu não sendo dela, mas de Cristo. Uma humildade e uma mansidão que nos faz focar não em nós mas nos nossos irmãos… 

Para rezar individualmente ou em família…

Jesus, amigo dos pequeninos, dá-me um coração semelhante ao teu: manso e humilde, uma alma de criança, sem ressentimentos e cheia de confiança. Ensina-me, Senhor, a apreciar aquelas pessoas de quem, por vezes, sou tentado a desviar os olhos e a passar de lado, como se não fossem meus irmãos. Tenho tanto a aprender contigo, Jesus que Te aproximavas dos pecadores e não condenavas ninguém! Ver-Te nos necessitados: será esse o programa do meu dia. 
(Evangelho Diário 2020) 

terça-feira, 28 de abril de 2020

"Que obra realizas?"

(At 7, 51-8, 1a; Jo 6, 30-35) 

No Evangelho confrontamo-nos com aquela a atitude da multidão, que é a nossa atitude de sempre. Num primeiro momento, quase que nos revoltamos com a multidão porque anda em busca de milagres e coisas fáceis, ao ponto de pedir outros milagres, depois de ter sido saciada com os pães  e os peixes multiplicados. Um milagre não chega para que Cristo seja reconhecido, é preciso que dê provas constantes da Sua identidade. 
Na construção da nossa personalidade cristã e, consequentemente, da nossa relação com  Jesus, é importante que aprendamos com esta atitude provocatória da multidão, porque, essa mesma atitude, não está muito longe daquilo que diariamente fazemos diante de Cristo. O caminho mais fácil é sempre o mais tentador. Cristo é o Pão da Vida, mas para que seja verdadeiramente esse pão tem de haver uma outra vontade da nossa parte, uma capacidade de abrirmos os olhos do nosso coração e sairmos da nossa zona de segurança. 
Isto quer dizer que aquela descrição que faz Estêvão se adequa muitas vezes a cada um de nós, independentemente da vocação ou estado eclesial. Somos duros de coração, não nos deixamos impressionar e maravilhar pela grandeza do Evangelho, e acabamos por encerrar a ação de Deus em Igrejas e Sacristias, para que não entre na vida do dia-a-dia. 
Entregarmo-nos nas mãos de Deus é muito mais do que fazermos uma oração, é sentirmos essas mãos a amparar-nos em todos os momentos, bons e maus. E até aquilo que parece ser o fim (ex. a morte de Estêvão) se torna uma semente pronta a germinar e trazer coisas novas e maravilhosas (ex. a primeira alusão a Saulo no livro dos Atos dos Apóstolos).

Para rezar individualmente ou em família… 

Ó meu Deus! Tu estás em mim e eu em Ti. Encontrei o meu céu na terra, porque Tu és o céu que se encontra dentro de mim. Aqui Te encontro e possuo, embora não sinta a Tua presença. Tu estás sempre aí, no meu interior. Quanto me alegro por Te buscar em Mim! Senhor, que eu nunca Te deixe só."
(Isabel Trindade, Cartas)

segunda-feira, 27 de abril de 2020

«Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?»

(At, 6, 8-15; Jo 6, 22-29)


O crente é aquele que vive a sua vida em comunhão com Deus. Pode-se pensar que é aquele que venceu e dominou Deus, mas é exatamente o contrário. O crente é aquele que constantemente se vai dando conta dos seus limites e derrotas. Nesta luta o crente descobre aquele sentido profundo de procurar o rosto de Deus, um rosto que conforta e dá vida. 
Perguntemo-nos pelo lugar onde procuramos o rosto de Deus, porque o procuramos nos lugares mais recônditos, menos no lugar onde o nosso Deus Incarnado está. Procurar o rosto de Deus nos pobres, nos abandonados, nos que são injustiçados é muito mais difícil do que procurá-lo nos milagres hipotéticos que se vão tornando miragens à medida que o tempo passa. A partir de Cristo, Deus encontra-se olhando para baixo, para as ruas, para os que estão caídos e, a partir deles, eleva-se o olhar para Aquele que tudo pode e tudo vence, para Aquele que na injustiça foi elevado e trespassado. Aí percebemos quantos rostos de anjos, como era o rosto de Estêvão condenado injustamente à espera da morte, podemos encontrar ao longo do nosso caminho. 
Estamos perante a questão básica de como e onde procuramos o Senhor. Se a nossa procura for como a da multidão do Evangelho, apenas procura Jesus para que lhe dê comida fácil, não vamos a lado nenhum, não transformamos o nosso coração. Em conversão permanente, chamados a procurar a vida eterna, vamos saindo das nossas seguranças para que Cristo tenha um lugar central no que somos e no mundo em que vivemos. 
O Evangelho e a fé não nos oferecem uma vida tranquila mas colocam-nos no dinamismo de Deus, onde o mais importante não é o estômago ou o apetite voraz de milagres, mas a certeza de que não estamos sozinhos. Nesta certeza encontramos a esperança que ilumina o nosso rosto, tornando-o num rosto onde se pode encontrar Deus. 

Para rezar individualmente ou em família, Salmo Responsorial do dia… 


Refrão: Ditosos os que seguem a lei do Senhor. 


Ainda que os príncipes conspirem contra mim,
o vosso servo meditará os vossos decretos.
As vossas ordens são as minhas delícias
e os vossos decretos meus conselheiros. R


Expus meus caminhos e destes-me ouvidos:
ensinai-me os vossos decretos.
Fazei-me compreender o caminho dos vossos preceitos
para meditar nas vossas maravilhas. R


Afastai-me do caminho da mentira
e dai-me a graça da vossa lei.
Escolhi o caminho da verdade
e decidi-me pelos vossos juízos. R

domingo, 26 de abril de 2020

Mês de Maria - Carta do Santo Padre, Papa Francisco

CARTA DO SANTO PADRE a todos os fiéis para o Mês de Maio de 2020

Queridos irmãos e irmãs!
Já está próximo o Mês de Maio, no qual o povo de Deus manifesta de forma particularmente intensa o seu amor e devoção à Virgem Maria. Neste mês, é tradição rezar o Terço em casa, com a família; dimensão esta – a doméstica –, que as restrições da pandemia nos «forçaram» a valorizar, inclusive do ponto de vista espiritual.
Por isso, pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa, no mês de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações, valorizando ambas as possibilidades. Seja como for, há um segredo para bem o fazer: a simplicidade; e é fácil encontrar, mesmo na internet, bons esquemas para seguir na sua recitação.
Além disso, ofereço-vos os textos de duas orações a Nossa Senhora, que podereis rezar no fim do Terço; eu mesmo as rezarei no Mês de Maio, unido espiritualmente convosco. Junto-as a esta Carta, para que assim fiquem à disposição de todos.
Queridos irmãos e irmãs, a contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova. Eu rezarei por vós, especialmente pelos que mais sofrem, e vós, por favor, rezai por mim. Agradeço-vos e de coração vos abençoo.
Roma, São João de Latrão,
na Festa de São Marcos Evangelista, 25 de abril de 2020.
FRANCISCO
Anexo 1:
ORAÇÃO A MARIA (I)
Ó Maria,
Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho
como um sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,
que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus,
mantendo firme a vossa fé.
Vós, Salvação do Povo Romano,
sabeis do que precisamos
e temos a certeza de que no-lo providenciareis
para que, como em Caná da Galileia,
possa voltar a alegria e a festa
depois desta provação.
Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor,
a conformar-nos com a vontade do Pai
e a fazer aquilo que nos disser Jesus,
que assumiu sobre Si as nossas enfermidades
e carregou as nossas dores
para nos levar, através da cruz,
à alegria da ressurreição. Amen.
À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Anexo 2:
ORAÇÃO A MARIA (II)
«À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».
Na dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugiando-nos sob a vossa proteção.
Ó Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta pandemia do coronavírus e confortai a quantos se sentem perdidos e choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados duma maneira que fere a alma. Sustentai aqueles que estão angustiados por pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o contágio. Infundi confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre a economia e o trabalho.
Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que esta dura prova termine e volte um horizonte de esperança e paz. Como em Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte as famílias dos doentes e das vítimas e abra o seu coração à confiança.
Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que, neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.
Permanecei junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e dedicação evangélica.
Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres de ciência, a fim de encontrarem as soluções justas para vencer este vírus.
Assisti os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, programando soluções sociais e económicas com clarividência e espírito de solidariedade.
Maria Santíssima tocai as consciências para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes do género no futuro.
Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos, com espírito fraterno e solidário, a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.
Ó Maria, Consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça que Deus intervenha com a sua mão omnipotente para nos libertar desta terrível epidemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade o seu curso normal.
Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amen.